Clima & energia

As principais reportagens do Diálogo Chino em 2019

Da poluição na Jamaica ao desmatamento no Brasil, nossos editores escolhem suas matérias preferidas

Em 2019, as crises políticas e sociais que abalaram a Bolívia, o Chile, a Colômbia, o Equador e a Venezuela ganharam manchetes no mundo inteiro. O mesmo aconteceu com os incêndios florestais que destruíram partes da Amazônia em agosto e setembro. O ano foi marcado por um ritmo acelerado de notícias e transformações repentinas. O Diálogo Chino contou essas histórias para os seus leitores buscando mostrar as tendências de longo prazo e oferecendo uma perspectiva única do relacionamento entre a China, a América Latina e o meio ambiente. Abaixo, os nossos editores escolheram as suas reportagens preferidas dos últimos 12 meses.

Manuela Andreoni, editora para o Brasil

China compra carne brasileira ligada a risco de desmatamento

beef_China Latin America environment

Esta reportagem é um resumo de quase tudo o que aprendemos em 2019 sobre o que impulsiona o desmatamento na Amazônia e a conexão disso com o crescimento da demanda chinesa por carne e soja. As lindas fotos e o mapa interativo do crescimento da população de bovinos na região nos forçam a imaginar uma nova Amazônia, completamente diferente da gigantesca floresta tropical sobre a qual aprendemos na escola. Fiquei muito feliz com o resultado porque ele é fruto de uma colaboração entre a Diálogo Chino e a InfoAmazonia, um projeto muito admirado por todos.

 

Andrés Bermúdez Liévano, editor para a Região Andina

Indígenas do Equador lutam contra mineração de cobre

Ecuador mining China Latin America environment

Conflitos sociais e ambientais são sempre complicados. Os stakeholders tentam simplificar ao máximo os acontecimentos e os fatores que jogam um ator contra o outro. Calçar as galochas de borracha (literalmente) e analisar as coisas com calma, sem ignorar a complexidade intrínseca dos fatos, geralmente compensa. Isso nos permite entender não só como os problemas começaram e se desenrolaram, mas, também – e talvez o mais importante –, descobrir quais fatores foram ignorados e se existem soluções. Uma mina de cobre, autodeclarados povos indígenas, um acordo de paz, um mundo biológico perdido e sapos de cor roxa: essa história tem de tudo um pouco.

 

Alejandra Cuéllar, editora para o México e a América Central e

Em busca dos pepinos-do-mar do México

sea cucumber_China Latin America environmentEm todo o mundo, o pepino-do-mar está desaparecendo. Consumidores chineses estão preparados para pagar caro para usá-lo em medicina tradicional ou na cozinha. Produzimos um vídeo sobre como a demanda chinesa por pepinos-do-mar levou ao declínio da população da espécie em todo o mundo. A população de pepinos-do-mar estava tão baixa quando fui para Yucatán, que minha equipe de vídeo e eu tivemos sorte de podermos ver alguns em alto mar, quando eles costumavam ser abundantes perto da costa. O vídeo analisa como a demanda chinesa inicialmente gerou um aumento na renda das populações locais, mas ao custo da degradação ambiental e social. A corrupção local facilita o comércio ilegal de espécies, e a aplicação das leis ambientais é negligente. É por isso que as organizações internacionais que regulam e monitoram esses casos são cruciais, e também o monitoramento da imprensa, para que a diminuição de espécies não passe despercebida.The decimation of a species cannot go unnoticed.  

Fermín Koop, editor para o Cone Sul

China compra a maior usina solar da América Latina

Solar

Descarbonizar os sistemas de energia é uma forma de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. A necessidade urgente dessa medida está levando muitos países a deixarem os combustíveis fósseis de lado para adotarem tecnologias mais limpas, como a solar e a eólica. A América Latina não é uma exceção. Já são centenas de projetos em toda a região, sendo muitos deles desenvolvidos com a ajuda da China. A reportagem analisa os investimentos chineses em energia solar no mundo e, para isso, foca em um projeto específico que os chineses estão desenvolvendo na Argentina e que está prestes a se tornar a maior usina solar da América Latina. Para fazer a matéria, fomos até o local de construção da usina e também apresentamos informações contextuais profundas sobre as usinas solares da China em todo o planeta.

 

Ma Tianjie, diretor em Pequim, China Dialogue

Os chineses estão de olho na Argentina para expansão nuclear

NuclearUma das principais ambições da Iniciativa do Cinturão e Rota da China é a exportação de tecnologia de ponta e de infraestrutura chinesa para ajudar a melhorar as suas indústrias. A China não quer mais vender apenas camisetas e meias para o mundo; o país quer aumentar a sua participação de mercado em setores como o de trens de alta velocidade e usinas de energia, tradicionalmente dominados por líderes industriais como a Alemanha e o Japão. A reportagem escrita por Fermín explica muito bem a complicada dinâmica local da energia nuclear na Argentina, informando de uma só vez o público latino-americano e o chinês: uma lição educativa tanto para os legisladores como para os executivos que ambicionam faturar com grandes acordos em um país de grandes incertezas.

Robert Soutar, chefe de redação

Refineria de alumínio provoca doenças em jamaicanos

aluminium

Uma das nossas principais metas na Diálogo Chino é ajudar a explicar como a economia interna e as pressões ambientais da China impactam a América Latina e o Caribe. A reportagem do Jevon contou a história das comunidades de Upper Warminster e de Lower Warminster, na Jamaica. Os moradores estavam adoecendo por causa da poluição do ar e da água, contaminados por uma refinaria de alumínio de propriedade da Jisco, empresa chinesa com um histórico ambiental questionável na China. Essa matéria premiada coletou testemunhos das comunidades afetadas e levou-as ao conhecimento dos jornalistas locais e das autoridades do governo, além de disponibilizar as informações em língua chinesa, o que, de outra forma, não teria acontecido. O impacto local foi significativo. Logo depois que a matéria foi publicada, a Jisco foi autuada 16 vezes, recebendo ordens judiciais exigindo a sua conformidade ambiental. A empresa suspendeu as operações para fazer as mudanças necessárias nos seus sistemas de gestão de resíduos.